MARDONIO AZEVEDO
( Brasília – DF – Brasil )
Natural de Pedro Afonso (Tocantins). Reside em Brasília desde 1963 e é remanescente da Geração Mimeógrafo de 1970.
Membro da Academia Cruzeirense de Letras, Cadeira 17 – Patrono: Monteiro Lobato.
Poesia publicadas: Recanto das Letras (www.recantodasletras.com.br)
AZEVEDO, Mardonio. O berro: poesias. Brasília: 2015. 70 p. 14x21 cm. Criação, arte final e foto: Luiz Clementino. Arte da capa: Eduardo Bonfim. “ Mardonio Azevedo” Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.
Ocaso
Nos cantos do mundo
bocejam as igrejas
já não toam os sinos
já não cantam os hinos
enterraram Deus
Os altares se fizeram cama
onde cochilam os mendigos
baratas
e demônio
No céu os anjos
vermelho de vergonha
recolheram as harpas
e esqueceram os homens
Abutres
Como fantasmas emergem os abutres
num canto triste
inexpressivo e fátuo
Com ímpeto cético
sobrevoam as ruas
Num crepitar de asas
a ecoar no charco
Tudo posso ser
Tudo posso ser
na inversa razão de minha mente
tolas palavras tentam me definir
Como um espectro sugo todas as faces
aterrorizo normas
incomodo farsas
Em meu rosto brincam as expressões
sob o sol de um dia indomável
Tudo posso ser
na razão inversa das necessidades
Posso ser o sólido
de um desejo frágil
Percepção
Instinto ser
extinto instante
Instável foco
de uma luz distante
Mão que se desdobra
objetiva e trêmula
Rumo ao objeto
encerrando a cena
Ideia fixa
Uma ideia fixa
uma ideia fosca
A se chocar com os vidros
feito mosca
Uma ideia bêbada
uma ideia tola
se arrastando na mente
e morrendo na boca
Mais textos do autor em RECANTO DAS LETRAS:
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=134784
I COLETÂNEA DA ACADEMIA CRUZEIRENSE DE LETRAS. Rafael Fernandes de Souza (org.) Brasília: Art Letras Gráfica e Editora, 2019. 224 p. ISBN 978-85-9506- 135- 4 Ex. bibl. Antonio Miranda
ESTIGMA
Me cantou como se eu fosse música
me roeu como se eu fosse osso
me bebeu como se eu fosse vinho
e parou...
como se eu fosse um porto
Me olhou com se olhasse o céu
me feriu como se eu fosse um pássaro
se esquivou quando eu falei do medo
e me prendeu
com se não me amasse
Me chupou como se eu fosse um dedo
me cortou como se fosse faca
se vestiu como se vestem as fadas
e se foi...
muda e amada
INSTANTE
Sou o instante inquieto
saltando em teu rosto
enquanto teces os raios do sol
A estrela incerta brilhando os muros
para que passem teus sonhos
enquanto a noite dura
Meu vulto gargalha entre foices e cruzes
adormecendo fantasmas
acendendo luzes
UM RAIO DE SOL
Quero ficar como nódoa
na tua memória
e dividir contigo toda alegria
e espanto
Ser uma figura nas incautas fantasias
e em amor fluir em teus impulsos
Quero ser um ruído em teu silêncio
ou um raio de sol incidindo em teu rosto
E como um mágico brincar em tua mente
saltando os muros
dispersos da noite
*
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Página publicada em novembro de 2021
Página publicada em junho de 2016
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